top of page

Casa de Criadores, 08 de Julho 

Ana Laura Seren | @alauraseren

10 JUL 2019 - 16H50

Sou de Algodão - Ateliê Fomenta:

O desfile comandado por Fellipe Campos e Fernando Carvalho fala sobre uma época obscura da história brasileira, que é a ditadura militar.

Utilizaram algodão, pedaços de jornais e da constituição para fazer produzir as roupas. Na maquiagem utilizaram batons vermelhos por fora da foca, remetendo a censura e as drags queens (quais foram o motivo do estilista Felipe Campo ter entrado no mundo da moda).

Sou de Algodão – Assumpta:

A marca de Gabriela Pfeifer, Daniel Mathias Leão e Eduardo Grella fez sua estréia na Casa de Criadores apresentando a coleção “Em busca do corpo glorioso”, que tem como tema a ideia religiosa de “corpo perfeito, do nosso “Eu” idealizado, aquele que, após a morte, subiria aos céus.

Para desenvolver o tema nas peças criadas, os estilistas estudaram dez obras de arte barroca com temática espiritual e os fortes contrastes entre luz e sombra que marcam o estilo. O barroco é um estilo artístico sombrio e carregado de dramaticidade, mas que busca o sublime.

O motivo de escolha das dez obras é a vontade do grupo de discutir a influência das tradições na atualidade. É por isso que as peças resgatam elementos da alfaiataria e o uso de tecidos de algodão aliados a segundas-peles de malha e características esportivas de conforto e versatilidade.

A ideia, segundo os estilistas, é a de criar peças que pareçam substituir “a própria pele do portador” e sair do corpo com “um propósito puramente estético, como um adorno que representa este Eu idealizado.” O objetivo do grupo é criar uma coleção que busque uma “utilização totalmente inusitada de tecidos de algodão e que almeje trazer peças inteiramente conceituais para a passarela”.

Sou de Algodão - Dario Mittmann:

O estilista Dario fez uma imersão no universo do folclore japonês para criar peças de estética Harajuku, com macacões, casacos e conjuntinhos cheios de brilhos e aplicações, pichações, recortes. A coleção de streetwear inspirada na bad girl japonesa ainda foi complementada por uma beleza de ares extraterrestres. O estilista escalou a performer Alma Negrot para fechar o desfile. Dario Mittmann ficou em segundo lugar no concurso.

Sou de Algodão - Mateus Cardoso:

O estilista Mateus Cardoso traz a coleção “Retrato” para a final do 1º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, inspirada no universo dândi e na proposta do corpo como objeto artístico.

“Dândi”, do inglês Dandy, é o termo designado a homens da passagem do século 19 para o 20 que prezavam uma estética refinada e buscavam o belo através da aparência. A perspectiva de Cardoso sobre esse personagem histórico reflete-se na intenção das peças produzidas. “Ser um dândi era se transformar em um ser perfeito. Inventar a si mesmo. Tornar-se corpo e arte”, afirma o estilista.

 

A escolha da alfaiataria como base dos looks da coleção remete àquele período histórico e ao cuidado na produção artesanal que transforma cada peça em algo com identidade única. A releitura acontece quando se combina o slowfashion da alfaiataria a um design contemporâneo para criar uma relação afetuosa entre peças, criador e consumidor, que proporciona um consumo consciente da moda.

 

O designer ganhou em 1º lugar do desafio.

Sou de Algodão - Era Brand:

A marca formada por Alan da Silva Dantas, Lays Santos e Patrick Langkammer levaram para a final do 1º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores a coleção “Oxumarê”, que, na língua iorubá, significa “arco-íris”.

Segundo os estilistas, esse orixá “trata da dualidade de gênero e tem dentro de si tanto o feminino quanto o masculino”. Ele também é representado pela riqueza e pela imagem da serpente.

O grupo escolheu trabalhar com as cores do arco-íris em tons pastéis combinados com o dourado, para simbolizar a riqueza da entidade. Para representar o mito, a fé e a herança dos povos africanos, o bege e o preto são adicionados ao espectro de cores unidos a materiais como búzios, fios e contas, que funcionam como abotoamento e elementos do beneficiamento das peças. O tingimento manual e a aplicação de tecidos e bordados complementam o visual da coleção.

A modelagem de “Oxumarê” é ampla e aposta nos tecidos leves de algodão para trazer um design arrojado, mas que mantém seus conceitos criativos.

Sou de Algodão - Rodrigo Evangelista:

 

O estilista Rodrigo Evangelista inspirou sua coleção no ambiente “Noite dos Leopardos”, uma festa famosa no Rio de Janeiro, a qual acabou no fim dos anos 90, devido ao aumento dos casos de HIV, e é vista até hoje como marco da cultura gay.

 

Ele contou uma história através de seu desfile. Com a cantora Ivana Wonder abrindo o show, Evangelista chamou pessoas soropositivas para trabalhar com ele. Com esse trabalho, a intenção do designer é trazer à tona assuntos que ainda permanecem tabus na nossa sociedade, como a liberdade sexual e a conscientização da nova geração que não vivenciou o auge das doenças sexualmente transmissíveis.

Rodrigo ficou em terceiro lugar no desafio.

Fernando Cozendey:

O estilista Fernando Cozendey apresenta uma coleção de bodys, biquínis e peças coladas ao corpo feitas de Lycra, inspiradas no circo e nos palhaços. Porém, de um palhaço entristecido, e não divertido e engraçado.

E

m um desfile inteirinho em preto e branco, com contraste de uma passarela de vinil vermelha, estampas como onças, listras e poás foram escolhidas para a cartela de cores da coleção.

Heloisa Faria:

 

A estilista Heloisa Faria optou por criar uma coleção de amor, em tempos de ódios. Com o nome de “Novxs Românticos”, o desfile começou com um casal cruzando de mãos dadas na passarela, seguido de uma série de modelos de todo os perfis (brancos, asiáticos, velhos, baixos)

Decidida a falar sobre amor, escalou dois casais com mulheres transexuais, para completar o time e mostrar que todo tipo de amor é válido e nenhum merece ser apagado.


A vibe otimista como o lema “O que me move é LOVE”, pintado de maquiagem no rosto de algumas modelos, foi o jeito encontrado pela estilista de falar de tempos pesados de forma poética e com roupas com boas sacadas comerciais.

Silvério:

 

O laço que prende é o mesmo laço que solta. Foi assim que Rafael Silvério começou explicando o conceito por trás de sua estreia na Casa de Criadores.  Esse laçarote é visto de várias formas dentro da coleção: apertado, desconstruído, frouxo. “É a desconstrução desse laço, mas também sua confirmação. A mulher não precisa gostar de laços, mas se ela quiser, tudo bem. Ao mesmo tempo que, nos meninos, isso significa que tudo bem ser feminino”, explica o estilista.

Há, sim, um link com o feminismo, já que Silvério também usou a planta Beladona como um de seus pontos de partido. No século 18, as mulheres que a usavam eram chamadas de demoníacas e bruxas e as putas a usavam para esfregar nos olhos e atrair mais homens. Na passarela, os modelos entraram com uma pulseira fluor verde, ora no pulso, ora no tornozelo, para simbolizar a intoxicação por Beladona, uma das mais tóxicas do Oriente.

Nas roupas, o estilista usa lã, material comumente associado à moda masculina, para criar vestidos rodados e femininos. 

Ainda na passarela, as modelos entravam com palavras como “sonsa”, “quenga” e “moderna” marcadas na pele, em uma técnica que simula a escarificação e representa o preconceito e o machismo que as mulheres sofrem todos os dias. 

Alex Kazuo:

 

O estilista Ale Kazuo quis mostrar nas passarelas uma moda sem firulas.  “A maioria dos estilistas pensa em um tema. O meu processo é mais intuitivo, eu sou costureiro. Comecei costurando assim. Por muito tempo trabalhei com outras marcas, então gosto de retomar esse exercício”, diz o designer, no backstage.

A história do estilista é bastante interessante: seus amigos o presenteavam com tecidos ou roupas antigas, ele as vestia e costurava onde achava certo. As técnicas de moulage, com modelagens novas a cada estação, são o fio condutor de todo o trabalho de Kazuo.

Isaac Silva:

 

O estilista Isaac Silva se inspirou na música Faraó Divindade do Egito - Olodum e decidiu prestar homenagem ao país, resgatando suas origens e colocando em homens e mulheres negras as roupas que representam sua cultura. “Esse embranquecimento acontece desde a época dos colonizadores, que chegaram ao Egito procurando múmias (para colecionar) e arrancaram as partes que identificavam sua identidade negra, como o nariz”, explica.

Nessa coleção, o estilista une os elementos da cultura egípcia e a afrobrasileira de forma que só. Detalhes como os búzios que enfeitavam as lapelas de essa união. As tranças coloridas é outro elemento que une essas duas culturas no que elas têm em comum: a raça.

bottom of page