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O fim do desfile anual da Victoria´s Secrets

Ana Laura Seren | @alauraseren

22 NOV 2019 - 18H10

O desfile anual da grife Victoria's Secret deste ano foi oficialmente cancelado.

Em um momento em que marcas repensam sua imagem e entendem que seus shows precisam ser mais inclusivos, a estratégia da grife de lingerie de encher a passarela com Angels - modelos magras e que não representam a maior parcela das mulheres - ficou antiquada e passou a ser fortemente criticada nas mídias e redes sociais. "Achamos que é importante evoluir o marketing da Victoria's Secret", disse Stuart B. Burgdoerfer, vice-presidente da L Brands, dona da marca de lingeries. "[O show] foi uma parte muito importante da construção desse negócio, foi um aspecto importante da Victoria's Secret e uma conquista notável de marketing. E com isso dito, estamos descobrindo como avançar no posicionamento da marca e melhor comunicá-la aos clientes", acrescentou.

 

O show acabar representa o fim de uma era: o evento acontecia anualmente desde 1995 e ao, longo do tempo, se transformou no maior acontecimento do business, com apresentações apoteóticas de celebridades como Rihanna e Justin Bieber. Ser eleita uma Angel era o ápice da carreira de uma modelo.

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A marca, no entanto, já vinha sendo amplamente criticada pela falta de diversidade na passarela. Enquanto novas grifes de lingerie como a Savage X Fenty, comandada por Rihanna, celebram todos os tipos de mulheres e corpos, a VS seguia presa ao seu próprio padrão de beleza, completamente ultrapassado.

 

Após muita reclamação (a top plus size Ashley Graham está entre as que se pronunciaram no Instagram), as seletivas de 2018 aparentaram ser mais inclusivas – a brasileira Valentina Sampaio e a americana Sofia Jamoro (modelos, respectivamente, trans e curvy) participaram –, mas isso não se refletiu na passarela. Diante disso, Edward Razek, diretor de marketing da L Brands (grupo formado pela marca, pela PINK e pela Bath & Body Works), rebateu: "Não, não, acho que não devemos [ter modelos plus size e transsexuais]. Bem, porque não? Porque o show é uma fantasia. É um especial de entretenimento de 42 minutos.”

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A polêmica declaração de Razek é o perfeito retrato de que a Victoria´s Secret não tem olhado para o mundo ao seu redor, presa a seu antigo case de sucesso, que ficou ultrapassado. O desfile fazia sentido em uma época que a moda valorizava um único padrão de beleza. Mas – finalmente! – a indústria mudou. Estamos vivendo um novo momento, que celebra a diversidade, a personalidade, homens e mulheres reais. O consumidor passou a ter voz ativíssima, nada mais é imposto.

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