Minha fantasia é ofensiva?
Ana Laura Seren | @alauraseren
24 JAN 2019 - 15H23
Muita gente não se dá conta, mas muitas fantasias usadas no Carnaval são ofensivas e politicamente incorretas.
Com base na apropriação cultural, xenofobia, racismo, entre outros preconceitos, separamos uma lista de fantasias pra você evitar o close errado na hora da folia.
Se fantasiar de índio não é uma homenagem, pelo contrário, é bastante ofensivo para a comunidade indígena. Isso porque fortalece o estereótipo de um índio folclórico e discrimina esta raça que é tão marginalizada em nosso país. Sem contar a hipersexualização da mulher indígena, que sofre em silêncio com altas taxas de estupro e violência doméstica, além de questões relacionadas ao genocídio.
Sabendo disso, tenha empatia e deixe o cocar e o chocalho de lado nesse e nos próximos bloquinhos!
Cigana, Indiana, Havaiana, Mulçumana, Africana, Baiana... Se a sua ideia de “fantasia” termina em “Ana” é melhor pensar duas vezes antes de usá-la, pois se apropria de uma cultura.
Os ciganos, por exemplo, tem uma luta histórica de perseguição e são invisíveis aos olhos da sociedade durante o ano inteiro. São lembrados apenas em momentos festivos por seus adereços (bandanas, lantejoulas e cartas), o que não é justo.
Que tal cair na folia sem reduzir a cultura de ninguém?
Black face é RACISMO! Nega Maluca por exemplo é uma ferramenta de opressão e apropriação cultural, que representa a mulher negra de forma vulgar e desrespeitosa.
A população negra é força, garra e resistência. Nenhum homem branco com o corpo pintado é capaz de representar sua ancestralidade, identidade e cultura.
Sem desculpas: nada de racismo nesse pré-carnaval - e em todos os próximos!
As fantasias de Iemanjá, Exú, Jesus, freiras, padres, pastores satirizam uma religião e são uma ofensa às entidades e aos fiéis que a seguem. O desrespeito é ainda maior quando se trata de religiões de origem africanas, como o Candomblé e Umbanda, que são vítimas de inúmeros preconceitos.
Somos diferentes na forma de crer. E isso não é brincadeira. Respeite!
Homens vestidos de mulher é uma “tradição” utilizada há anos na época do Carnaval que ridiculariza os travestis, transexuais e a própria mulher.
Geralmente, os homens que aderem essa “fantasia” são homofóbicos e utilizam dessa alegoria como tentativa de fazer piada e estereotipar pessoas que são discriminadas o ano todo.
Durante o Carnaval tenha consciência e diga NÃO ao preconceito!
Enfermeira, empregada-doméstica, salva-vidas sexy... Qualquer fantasia que coloca a mulher em um papel sensual, apenas reforça o estereótipo de uma profissão que não tem o mesmo sentido quando é exercida por um homem. Exemplo claro de machismo, o qual vai contra todos os direitos e lutas feministas.
Em tempos de carnaval é importante ressaltar que a dor e doença do outro não é engraçado. Vamos respeitar Fábio Assunção e qualquer outro dependente químico. A melhor fantasia sempre será o amor e a compreensão!