Olimpíadas 2024 - Por que o uniforme do Brasil não agradou?
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28 JULHO 2024 - 10h23
Não são poucas as críticas aos uniformes do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, especialmente aos que serão usados hoje, na Cerimônia de Abertura. Para as mulheres, saia branca na altura do joelho com jaqueta jeans bordada e camiseta. Para os homens, calça branca, camiseta e jaqueta jeans, tal qual as mulheres. Tudo da Riachuelo. Nos pés, Havaianas para ambos. Na polêmica, o trabalho das bordadeiras de Timbaúba dos Batistas, no Rio Grande do Norte, foi poupado e recebeu elogios.
Uniforme do Brasil, nas Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: Reprodução
Ao longo da semana, manifestações contra os looks tomaram conta das redes sociais. “Não é Paris Fashion Week”, rebateu o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley, “esquecendo” que a moda reflete a cultura de um país, além de ser uma indústria potente, que gera milhões de empregos.
Talvez pelo fato desta Olimpíada ser justamente em Paris, a capital da moda, algumas delegações foram na contramão do Brasil e estão sendo celebradas pela linguagem fashion presente nos trajes esportivos. Pensando nisso, convocamos especialistas para indicar os melhores, que farão hoje um desfile digno... da Paris Fashion Week.
A stylist e multiartista Lulu Novis frisa que “roupa é manifesto”:
— Antes de citar meus favoritos, quero destacar que os uniformes olímpicos contam histórias, precisam ter coerência e consistência e “falar” sobre as tradições de seu respectivo países.
Para Lulu, há uma unanimidade evidente:
— Os da Mongólia, da grife Michel&Amazonka, marca fundada por duas irmãs, em 2015, viraram um case.
Especialista em branding de moda, Fábio Monnerat enumera seus favoritos.
— Mongólia, Haiti, Canadá, Estados Unidos e Holanda — afirma.
O do Haiti é especialmente ovacionado.
— Foi desenvolvido pela estilista italiana Stella Jean, que é de origem haitiana, com a colaboração do pintor haitiano Philippe Dodard. Resgata várias referências do país com a linguagem de moda que esperamos assistir na abertura da Olimpíada — analisa Fábio.
Uniforme do Haiti para desfile de abertura das Olimpíadas de Paris-2024 — Foto: Reprodução
Entre os medalhões, ele cita o veterano designer Ralph Lauren, que assina o traje dos atletas norte-americanos.
— Um dos mais clássicos. A execução das peças e a escolha dos tecidos são muito boas. Os uniformes traduzem a sofisticação e a tradição da grife que tem tudo a ver com os Estados Unidos.
Uniforme dos Estados Unidos para desfile de abertura das Olimpíadas de Paris-2024 — Foto: Reprodução
O diretor criativo e stylist Lúcio Fonseca faz questão de incluir a França na relação, mencionando os looks idealizados pelo fundador da etiqueta de streetwear Pigalle, Stéphane Ashpool, em parceria com a marca Le Coq Sportif, e os da Cerimônia de Abertura, da Berluti.
— Devemos prestar atenção nos donos da casa.
Uniforme da França para desfile de abertura das Olimpíadas de Paris-2024 — Foto: Reprodução
Se depender da pesquisadora e analista de moda Paula Acioli, muitas delegações farão bonito na escolha dos uniformes.
— Estados Unidos, Cuba, Turquia, Haiti, Mongólia, Índia, Sri Lanka, Espanha, República Tcheca e Austrália estão de parabéns. Já o Brasil, deixou a desejar. Em termos de uniformes, os feitos pela estilista Lenny Niemeyer para a Abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, deram um banho nos confeccionados para Paris — opina.
Para Fábio Monnerat, o grande mistério a ser desvendado é saber de que maneira o COB escolhe a marca ou o designer que veste os atletas, já que a opção brasileira foi por uma rede fast fashion:
— Parece algo mais político do que estratégico.